domingo, 10 de agosto de 2014

Teoria vs Prática

   Olá a todos. Hoje vou falar e dar minha opinião sobre uma discussão sem fim que é: será que os currículos dos cursos de graduação são muito teóricos? E para começar eu quero abordar uma outra pergunta que está relacionada: o que é mais importante: a teoria ou a prática?

   Arrisco dizer que o que vale mais seja sempre os resultado práticos. E essas são palavras saídas dos dedos de um teórico irremediável que sou. Mas independente de se trabalhar em empresa, pesquisa ou até mesmo como professor, o que importa é o resultado prático. Se você trabalha em empresa, o resultado será um projeto bem feito, robusto e com qualidade. Para quem trabalha na pesquisa o resultado pode ser uma ideia diferente e a redação de um bom artigo sobre ela. Caso você seja professor seu resultado é fazer com que seus alunos compreendam a disciplina e saiam dela com um conhecimento maior.

   O resultado prático, além de ser o que importa, é também o que é visto. Quando alguém nos mostra algo, a primeira coisa que vemos é o que está feito. Não vemos o caminho trilhado para aquilo ser feito. No caso do projetista não vemos se ele fez contas ou não para implementar aquele projeto, ou se o pesquisador estudou ou não para chegar na ideia apresentada, ou se o professor preparou ou não as aulas para serem claras.

   Uma vez que o que importa e o que vemos são resultados práticos, do que importa a teoria? Por que não cortar carga teórica dos cursos de graduação e aumentar o enfoque na prática? Pois  bem, para argumentar sobre isso vou me basear no meu curso de graduação em engenharia. Não sei o quanto esse problema impacta  outros cursos de graduação.

   O currículo contém disciplinas teóricas como matemática e física pois aquilo é esperado de um engenheiro. É pré requisito para o título de engenheiro um conhecimento nessas áreas, mesmo que ele não trabalhe com isso no dia a dia. E o conhecimento teórico é fundamental quando se projeta algo que nunca foi feito. Quando você está fazendo algo que já foi feito e com bases bem conhecidas, é comum utilizar o senso comum e trabalhar por tentativa e erro. Nesse caso talvez essa técnica apresente um melhor custo-benefício do que sentar, calcular e depois implementar. Um exemplo bem básico disso é ligar um LED em uma bateria de 12V. Enquanto alguém sentar para calcular a queda de tensão do LED e a corrente necessária para acendê-lo eu já coloquei um resistor de 1K e o LED já está brilhando. Nesse caso ligar um LED é algo conhecido que não necessita cálculo.

   Porém, quanto mais um projeto sai do senso comum maior será a relevância da teoria. Quando alguém precisa fazer algo que nunca foi feito, não há nada anterior no que se basear. E nesse caso se recorre a teoria. E existem exemplos disso. Quando os EUA precisaram construir a primeira bomba nuclear, eles reuniram um grupo de excelentes físicos e pesquisadores. Pessoas que estavam na fronteira da teoria nuclear. Hoje em dia, após a criação das bombas nucleares, diversos países relativamente pequenos as possuem (coisa realmente preocupante). Dizem até que bomba nuclear possui uma fabricação quase "caseira" nos dias de hoje (outro fato preocupante). Mas se construí-la é algo "simples", por que os Estados Unidos recrutaram seus melhores cientistas para fazê-la? Por que até aquele momento isso nunca tinha sido feito.

   Se você procurar qualquer coisa grandiosa já feita, ela contou com o apoio de cientistas que dominavam a teoria. Você acha que a NASA envia sondas espaciais para o espaço sem levar em conta modelos teóricos e matemáticos? Conforme a complexidade de um projeto aumenta, seu custo aumenta e seu nível de "novidade" aumenta, a técnica de tentativa e erro se torna inviável e, nesse caso, a teoria adquire um espaço importante.

   Mas nesse momento alguém poderia dizer: "mas eu não vou construir bombas e nem trabalhar na NASA. Por que preciso de tanta teoria?". A resposta é: a faculdade ou universidade não sabe o que você vai fazer. No ensino médio eu estudei geografia, algo que nunca usei na minha vida profissional. Porém no ensino médio a escola não sabia o que cada aluno faria, e pode ser que algum dos meus colegas esteja utilizando esse conhecimento em seu trabalho. O mesmo se aplica para a universidade. Eles não sabem quais de seus alunos trabalharão na indústria, quais serão professores e quais se direcionarão à pesquisa. Eles não sabem quais vão trabalhar na Fórmula 1 ou se algum deles será contratado pela NASA.  Então eles buscaram construir um currículo que atendesse ao maior número de possíveis necessidades futuras.

   Por fim, digo que concordo que os cursos devem  levar em conta a prática. Eles devem adequar seus currículos para incluir visitas a empresas ou locais cotidianos da profissão, devem realizar palestras com projetistas de  empresas do setor em questão. Agora a pessoa que diz que deveria ter menos teoria (e em geral atacam as disciplinas de cálculo e física) por que ela  não consegue entendê-la ou passar em uma disciplina teórica, na minha opinião, não tem o necessário para ser formado em um curso de nível superior.

   Por hoje era isso. Se concorda, discorda ou tem algo a dizer sobre isso, use os comentários. Abraço a todos e que continuemos estudando.

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